Invasão de propriedade

Quebrando todas as regras e padrões impostos pela nossa sociedade eu digo que você entrou em minha propriedade sem sequer pedir permissão. Para tudo! Mas quem disse que invasores pedem permissão quando querem se apossar das terras alheias? Eu poderia lhe comparar a um sem terra invadindo um terreno cuja proprietária sou eu. Pois bem, diante dessa situação eu deveria acionar as autoridades e pedir que você seja expulso imediatamente dessa região que não lhe pertence. Mas onde fica mesmo o telefone de tais órgãos? 

Um inquilino que nem paga aluguel? Sim, pois no papel as terras ainda são minhas. Na escritura consta meu nome como proprietário e, dessa forma, posso fazer o que bem quiser dela. Então eu digo, em alto e bom som, que já que você não paga o aluguel das terras que faça, pelo menos, um bom uso da mesma. Torne-a produtiva ou abra espaço para que o terreno possa ser ocupado por um inquilino que realmente esteja interessado em cuidar, com muito carinho, desse pequeno cantinho. 

Sendo bem racional eu posso dizer que sou a favor da ocupação sem dó nem piedade de terras improdutivas por mais absurdo que possa parecer, mas com uma grande ressalva: torne-a produtiva! Ocupar simplesmente por ocupar não tem lógica, sentido ou razão. Ocupar pelo simples fato de querer colecionar mais um pedacinho de chão é uma atitude extremamente injusta e mesquinha, pois quantas e quantas pessoas dariam de tudo para estar morando em tais terras nesse exato momento. 

Estou aqui falando de uma propriedade que só pode ter um único dono e ser ocupada por uma única pessoa por vez. Hoje o locatário desse espaço é você, pequeno grande invasor de terras alheias, mas aqui de fora o que se percebe é um grande vazio que esse chão se tornou a partir do momento de sua posse. Ele não consegue mais produzir como gostaria, pois para que esse belo campo floresça é necessário que sementes sejam plantadas e cuidadas diariamente, pois não existe produção sem os devidos cuidados. 

É errado ocupar um espaço e não utilizá-lo e essas palavras nesse momento soam como um grande grito de alerta: cuide do que é seu antes que alguém disposto a fazer um melhor uso dessa terra venha de mansinho na calada da noite e a roube de você. Esse é o jogo da vida e o que é seu hoje pode não ser mais amanhã. 

Resta-me então, como proprietária do local, torcer para que o atual inquilino trabalhe para tornar a terra a mais produtiva possível ou então que alguém, disposto a plantar e cuidar da mesma, entre no espaço ocupado e diga: o novo inquilino, de hoje em diante, sou eu. Sei que como proprietária eu poderia reunir forças e tirar dessa terra o invasor que faz mal uso dela, mas, como já foi dito anteriormente, sinto como se eu estivesse sem condições físicas para estabelecer contato com os órgãos responsáveis pela expulsão 

Diante então dessa grande confusão mental eu pergunto a mim mesma: O que mais me agradaria nesse momento? Bem, certas coisas não precisam ser ditas... ficam implícitas a compreensão dos seres com uma boa percepção e sei que você, atual inquilino, é um ser extremamente inteligente e dotado de tal sabedoria.