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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Será que a beleza se põe à mesa?

Como já dizia Vinicius de Moraes... “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”. Pois é, diante de tal colocação eu me pergunto se a mensagem que Vinicius, um grande poeta, quis nos passar é a mesma interpretada pela nossa sociedade. Tenho dúvidas, confesso! Hoje em dia, mulheres e homens gastam rios de dinheiro em busca de um padrão de beleza imposto pela sociedade. Chegam ao extremo de se submeterem a cirurgias estéticas em busca da perfeição. Mas, será que ter um rosto bonito ou um corpo escultural é garantia de sucesso nos relacionamentos? E mais, será que isso garante a tão sonhada felicidade a dois?

Salvo raras exceções, quando conhecemos um pretendente pela primeira vez o que nos chama a atenção, logo de cara, é a aparência física. Bem, pelo menos, até onde eu sei, ainda não inventaram um olho biônico capaz de enxergar o interior do outro, sem, ao menos, uma primeira conversa, um primeiro contato. Partindo desse pressuposto e sem hipocrisia, a aparência física é um adicional na arte da conquista sim. É uma primeira chave, dentre tantas a serem encontradas, capaz de abrir uma das portas que dão acesso direto ao nosso mundo particular. 

Pensando dessa forma, levar em consideração a aparência física, em um primeiro momento, não é um problema. O problema é quando escondemos do outro as demais chaves que levam ao nosso coração só porque ele não deu a sorte de encontrar essa primeira, a chave da beleza momentânea. O problema é quando não damos a chance ao outro, e a nós mesmos, de tentar abrir demais portas, para vermos até onde isso vai dar. O problema é quando abrimos mão de uma possível felicidade por conta de preceitos estabelecidos pela sociedade e por nós mesmos.

E sabe qual a pior consequência de tudo isso? A dolorosa solidão. É cada vez mais comum nos deparamos com pessoas designadas como exigentes demais e, dessa forma, solitárias demais. Um pouco de exigência é primordial, mas é preciso estabelecer um limite plausível para essas imposições, de forma que elas não sejam o veículo que conduz as nossas vidas. Acredito que com o tempo nos damos conta de que esse padrão de beleza estabelecido não é a realidade. Percebemos que a beleza é um conjunto de fatores que o outro tem e que nos causa admiração, orgulho. Afinal de contas, nada melhor do que estar ao lado de alguém que nos identificamos até mesmo nas diferenças. 


Texto publicado no Jornal Rio - Zona Sul em 12/2016

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